quinta-feira, 19 de junho de 2014

O outro lado do Autismo

AUTISMO

Ludwig Wittgenstein, gênio da filosofia, começou a falar só aos 4 anos. Estudou com tutores particulares em sua casa, em Viena, até os 14 anos. Sem conseguir passar no vestibulinho do colegial, foi parar em 1903 na escola técnica de Linz (a mesma de Adolf Hitler, de quem não foi colega, pois o futuro ditador estava dois anos atrasado nos estudos). Mas ele simplesmente não se interessava pelos colegas. A solidão e a dislexia fizeram dele um perfeito alvo de bullying. "Nunca consegui expressar metade do que queria. Na verdade, não mais que um décimo", contou em suas memórias. 

Assim foi o jovem Wittgenstein. Mas sua excentricidade e o fato de ter revolucionado a filosofia no século 20 não são uma contradição, segundo o professor Michael Fitzgerald, do Trinity College, em Dublin. O psiquiatra vê em sua biografia sintomas que caracterizam a síndrome de Asperger - um tipo de autismo que, aliado a um intelecto avantajado, pode ser a base da genialidade.

Todo autista se foca obsessivamente em interesses muito específicos, tem comportamentos repetitivos e não se interessa em interagir com outras pessoas. Mas, enquanto a imagem mais comum é a da criança ensimesmada balançando para a frente e para trás, o espectro do autismo vai desde o atraso mental até o desenvolvimento linguístico e cognitivo completo - caso da síndrome de Asperger. Quem tem essa síndrome não se interessa em dividir experiências e emoções, tem padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento e de interesses e não abre mão de sua rotina. Isso torna o convívio difícil - mas pode ter um efeito colateral inesperado. 

"Muitas características da síndrome de Asperger aumentam a criatividade", escreve Fitzgerald em Autism and Creativity (Autismo e Criatividade). "Pessoas assim têm uma capacidade extraordinária para focar-se em um tópico por um longo período - dias, sem interrupção nem mesmo para as refeições. Não desistem diante de obstáculos." E não é apenas a concentração. A forma como entendem o mundo é diferente. Quando veem uma coisa, apreendem o detalhe para então sistematizar como funciona o geral - enquanto a maioria das pessoas apreende o geral para depois se afunilar em detalhes. Isso é um enorme ponto positivo para engenheiros, físicos, matemáticos, músicos.

Não que não haja um lado negativo. Portadores da síndrome de Asperger também têm dificuldade em aceitar e adotar regras sociais. Por isso, muitas vezes parecem ter personalidade infantil. Quando entrou para a faculdade de engenharia, Wittgenstein se fascinou pela obra Os Princípios da Matemática, de Bertrand Russell. Em 1911, mudou-se para a Universidade de Cambridge para estudar com Russell. Nos primeiros dias, chegava à sala do mestre à noite e seguia até a manhãzinha desdobrando suas ideias como que em um monólogo. Em 1926, quando terminou a defesa oral de sua tese de doutorado, deu um tapinha nos ombros dos examinadores. "Não se preocupem. Eu sei que vocês nunca conseguirão entender", disse. Wittgenstein começou então a dar aulas. Em seus seminários, era como se não houvesse uma audiência. Lutava com seus pensamentos e volta e meia caía em silêncios que nenhum estudante ousava interromper. Qualquer comentário que considerasse estúpido era retrucado brutalmente.

Para escrever Investigações Filosóficas, sua maior obra, ficou isolado numa cabana na Irlanda. Certa vez, o caseiro, que o havia visto conversando, perguntou-lhe se tivera uma boa companhia. A resposta foi: "Sim, falei muito com um ótimo amigo - eu mesmo". Numa carta a Bertrand Russell, escreveu: "Estar sozinho me faz um bem infinito, e não acho que agora poderia suportar a vida entre pessoas". O único grande prazer social do filósofo era discutir seus interesses - lógica, linguística e música. O mundo real pouco lhe importava.
O gene da engenharia
Todo engenheiro é um pouco autista. Essa é a conclusão, polêmica, do psiquiatra Simon Baron-Cohen, de Cambridge. Simon buscava identificar se estudantes com sintomas da síndrome de Asperger tinham predisposição a escolher alguma área específica de conhecimento. Fez um levantamento com graduandos de Cambridge e viu que alunos de exatas eram os mais propensos a ter os sintomas. O estudo fez barulho suficiente para que os pais de alunos de Eindhoven, na Holanda, entrassem em contato com ele depois de identificarem uma epidemia de autismo na cidade, conhecida pela concentração de empresas tecnológicas. Baron-Cohen comparou Eindhoven com Haarlem e Utrecht - que têm número semelhante de habitantes - e levantou a porcentagem de pessoas empregadas em tecnologia: 30, 16 e 17%, respectivamente. Depois, pesquisou a prevalência de autismo diagnosticado nas cidades: 229 por 10 mil crianças em Eindhoven, contra 84 e 57 nas outras. Para Baron-Cohen, isso é indício de que regiões onde pais têm empregos relacionados à "sistematização", como o da tecnologia da informação, terão uma taxa de autismo maior em suas crianças. É um resultado polêmico: indica que as pessoas naturalmente mais aptas para as ciências exatas carregam mais genes ligados ao autismo do que a média da população. E mais: é uma evidência de que essa aptidão seja, por si só, uma forma leve de autismo.


Einstein, o autista
O psiquiatra Michael Fitzgerald identificou traços da síndrome de Asperguer, uma forma moderada de autismo, em 42 personalidades históricas. Conheça algumas delas.

ALBERT EINSTEIN
"Meu senso de justiça e de responsabilidade social sempre se contrastou com minha falta de necessidade de contato direto com outras pessoas ou comunidades. Sou de fato um viajante solitário e nunca pertenci a meu país, à minha casa, aos meus amigos ou mesmo à minha família", escreveu o físico nos ensaios Como Vejo o Mundo.

GLENN GOULD
Um dos maiores pianistas do século 20 não deixava ninguém tocá-lo e, quando mais velho, só se comunicava com o resto do mundo por telefone ou por cartas. Aos 32 anos parou de tocar em público e se fechou no estúdio. Afinal, para ele tocar música era um ato tão íntimo que não dava para conciliá-lo com a audiência.

LEWIS CARROLL
O escritor americano Mark Twain chegou a dizer que Carroll, matemático autor de Alice no País das Maravilhas, era interessante "somente para olhar." Era o homem "mais estiloso e mais tímido" que já tinha visto. Não dava autógrafos nem deixava ser retratado - mesmo sendo ele mesmo um fotógrafo amador. "Minha aparência e minha escrita pertencem somente a mim", escreveu em uma carta.

Fonte: http://super.abril.com.br/cotidiano/lado-bom-coisas-ruins-680705.shtml

quarta-feira, 18 de junho de 2014

18 de Junho: dia do orgulho autista

Hoje, 18 de junho, é Dia do Orgulho Autista. Mas o que isso significa?
Os movimentos denominados de “orgulho” sempre partiram de minorias, como os LGBTs, por exemplo. Todos vieram da mobilização de grupos de pessoas que são, por um motivo ou pelo outro, “diferentes” do que é considerado “normal” e típico na sociedade em que vivemos.
A palavra “orgulho” também é usada para se opor à “vergonha” que os diferentes, em geral, sentem por serem assim. Portanto, quando falamos de “orgulho autista”, estamos dizendo que o autista tem que ter orgulho de ser como é, e que a sociedade não deve tentar enquadrá-lo no que considera como normal, mas sim aceitá-lo por completo com todas as suas particularidades.
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Queremos mostrar para a sociedade que os autistas também têm seu lugar ao sol, também podem produzir, ter amigos, ir ao cinema, conviver em sociedade, bem o contrário do que acontecia antigamente, quando muitos viviam escondidos por suas famílias em casa.
Quanto a nós, pais de autistas, se queremos que nossos filhos tenham orgulho de serem quem são, precisamos ajudá-los a construir uma autoestima forte. E isso começa com aceitá-los completamente e sem reservas.
Não estou dizendo pra deixar as terapias e tratamentos de lado! Devemos ajudar nossos filhos a superarem suas dificuldades para que possam alcançar todo o seu potencial. Mas devemos amá-los como são, e não como gostaríamos que fossem. Devemos mostrar a eles que não há nada de errado em ser diferente, e que é a diferença que dá graça ao mundo.
Tenho orgulho do meu filho com todas as suas qualidades, defeitos e dificuldades. Sei que, muitas vezes, não é fácil ser ele. Ele é um baita de um guerreiro!
E digo isso a ele todos os dias: que eu o amo, eu o aceito, tenho orgulho de ser mãe dele. Espero estar, de alguma forma, contribuindo para que o Theo tenha orgulho de ser quem é no futuro!
Quanto à sociedade, o que espero é aceite e acolha melhor as diferenças. Já falei isso antes e repito: ninguém diz a um cego que ele deve fingir ser “menos cego” para ser mais aceito pela turma na escola. Então, por que eu insistiria para o meu filho parecer “menos autista”? Algumas crianças riem quando estão felizes. Outras batem palmas. Outras dão pulinhos e fazem barulhinhos. 
E viva a diversidade! Viva o diferente!
Fonte: http://lagartavirapupa.com.br/18-de-junho-dia-do-orgulho-autista/

Praia do Sonho Dia do ORGULHO AUTISTA 18 de Junho de 2014























Como o autismo me afeta – Depoimento

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Olivia e sua irmã, Haylee
“Ter uma irmã com autismo pode ser difícil as vezes. Eu tenho uma irmã autista de 4 anos, chamada Haylee. Ela não consegue fazer coisas que outras crianças da mesma idade conseguem. Haylee tem terapeutas que a ajudam a aprender. Quando chego da escola, muitas vezes tem um terapeuta em casa para ajudá-la. Eu não me importo! Eu sei que eles estão tentando fazer que seja possível, para mim e minha família, conversar e fazer outras coisas com minha irmã no futuro.
Às vezes outras crianças acham engraçado ela não conseguir fazer as mesmas coisas que outras crianças podem, ou acham graça dos barulhos que ela faz, incomuns para uma criança de 4 anos. Sempre defendo minha irmã. Ela só é diferente das outras crianças, e tudo bem pois todo mundo é diferente.
Haylee adora brincar! Ela gosta de correr e de ser “pega”. Ela AMA brincar no balanço!!! Se você empurrá-la o dia todo, ela fica no balanço o dia todo! Se você empurrá-la por uma semana, ela ficará no balanço por uma semana!! Ela ama a escola. Ela frequenta a mesma escola que eu e meu irmão. Eu e meu irmão vamos com Haylee no ônibus para crianças especiais, porque não queremos que ela fique sozinha.
Uma das coisas favoritas da Haylee é seu iPad. Onde o iPad está, ela vai atrás. Às vezes é difícil tirá-lo dela. Às vezes ela tem alguns privilégios com o iPad. Eu sei que isso pode parecer injusto, mas nós podemos fazer coisas que ela não consegue ou não pode fazer.
Cada pessoa com autismo é diferente. Nós não sabemos porque ela tem autismo; apenas sabemos que cada um é especial e único.”
Carta escrita por Olivia, de 10 anos.
(Leia aqui o depoimento original, em inglês)
Fonte: http://maternidadenodiva.com/como-autismo-me-afeta/

terça-feira, 17 de junho de 2014

O POR QUÊ DO DIA DO ORGULHO AUTISTA


             Phaolla Phercia

Estou postando esse artigo para que não haja mais dúvidas sobre o que é o dia do orgulho autista!!!Só reclamar não adianta,precisamos nos mostrar presentes e unidos nessa luta de conscientização,diagnóstico precoce e melhor qualidade de vida para nossos autistas!!!O POR QUÊ DO DIA DO ORGULHO AUTISTA , O QUE ELE REPRESENTA E QUAL SUA IMPORTÂNCIA.
O dia 18 de junho é marcado pelo dia mundial do orgulho autista. Esse dia foi criado no ano de 2005, pela organização americana, Aspies for Freedom. No Brasil, especificamente em Brasília, um grupo de pais, familiares e amigos de pessoas com autismo, aderiu ao movimento, e desde então o dia tem se tornado mais popular no país a cada ano.
Mas, por que comemorar o dia do orgulho autista? Como é possível alguém ter orgulho de algo que limita a pessoa? Bom, em inglês, o dia 18 de junho se chama “autistic pride”, que, traduzindo livremente significaria se aceitar como se é. No Brasil se preferiu a palavra orgulho, e por isso a confusão.
Para aqueles que não sabem, o Transtorno de Espectro Autista não tem cura. Muitas pesquisas têm sido feitas, mas a causa do autismo e sua cura ainda são desconhecidas. Por isso, quem é diagnosticado com o transtorno tem que conviver com ele por toda a sua vida.
Sim, existe uma série de tratamentos e técnicas que tentam minimizar, e até mesmo acabar com os sintomas, mas, novamente, é mais provável que hoje, a pessoas com espectro autista, permaneça no espectro, pois, no autismo não há uma receita pronta.
Há uma diversidade muito grande do que se vê como autismo, isto porque nenhum autista será igual ao outro. As mesmas características que servem para se montar o diagnóstico são as que diferenciam um autista do outro.
O diagnóstico é importante para a pessoa que tem autismo, não na forma de taxação, e sim na forma de como se conduzir o melhor tratamento para cada pessoa, já que apesar das características centrais, nenhum autista será igual ao outro.
Porém, muito além do diagnóstico, o dia 18 de junho vem para mostrar que tem uma pessoa ali, que vai muito além do autismo. Pois, a palavra autismo vem sempre muito carregada de preconceito e concepções que muitas vezes não condizem com a realidade e o dia do orgulho autista vem nos lembrar, como sociedade, que somo todos iguais com nossas diferenças e que precisamos incluir os autistas na sociedade também.
O autismo em si não é algo que deixe ninguém orgulhoso, mas sentimos orgulho dos pais que tentam dar uma condição de vida melhor para seus filhos. Dos grupos que se unem em prol da causa, dos autistas que lutam todos os dias contra suas limitações e ainda tem que lutar contra o preconceito de nossa sociedade.
Por fim, o dia mundial do orgulho autista é para conhecermos as diversas faces do autismo: a que não consegue falar, a que não conseguiu aprender a ler, a que não consegue interagir, a que se irrita com barulhos, a que não se sente a vontade com estranhos, a que pela primeira vez brincou com os pais, a que consegue ficar na escola regular, enfim, ter orgulho de não esconder que o autismo é algo difícil de lidar, mas que não define quem a pessoa é. O que precisamos é aceita-las em suas limitações e conhecer mais sobre o assunto.

18.06.14

Autistic Pride



domingo, 15 de junho de 2014

18 de junho 2014 Dia do Orgulho Autista

Eu sou ASPERGER, tive o diagnostico com 36 anos, e tenho ORGULHO do que sou!!!


Cristina 37 anos

Também tenho muito ORGULHO de meus filhos que são autistas não verbais e os AMO!
Meus pequenos príncipes!


Nicolas 5 anos, diagnosticado com 6 meses e 
Gabriel 8 anos diagnosticado com 5 anos.

Dia do Orgulho Autista 18 de Junho



Arte: Phaolla Phercia

Entrevista com a Dra. Tábita Tomelin em foco ao Dia do Orgulho Autista



ORGULHO DE SER AUTISTA E BRASILEIRO!