sábado, 30 de abril de 2011

MTV BRASIL - NOTA OFICIAL COMÉDIA MTV – ESQUETE 'CASA DOS AUTISTAS'

por Portal MTV
É de total responsabilidade da MTV a exibição da esquete 'Casa dos Autistas', exibida no dia 22/03/2011 no programa Comédia MTV.
Todo o elenco do programa, assim como sua equipe de roteiristas e produção, são contratados da emissora e a ela prestam serviço, inclusive o humorista Marcelo Adnet, que vem sendo apontado por alguns como único responsável pelo conteúdo do programa.
A MTV Brasil entende que a esquete 'Casa dos autistas' ultrapassou limites aceitáveis do humor. Portanto, pedimos desculpas a quem quer que tenha se sentido ofendido pelo conteúdo exibido.
Já estamos articulando possíveis ações conjuntas com associações ligadas ao autismo para dar ao assunto o devido encaminhamento.
A MTV reforça ainda que, independentemente desse episódio, ao longo dos últimos 20 anos a emissora vem defendendo a inserção social de pessoas com deficiência de maneira séria e informativa.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Comédia MTV: a resposta do elenco sobre ‘Casa dos Autistas’

Durante o programa Adnet ao Vivo exibido na última quinta, 28-04-2011, Marcelo Adnet e parte do elenco que compôs o quadro ‘Casa dos Autistas’ retratou-se novamente dispondo-se, junto à emissora, a colaborar com causas que combatam quaisquer preconceitos. Revejam:
http://www.youtube.com/watch?v=Om4gFMRPUPU&feature=player_embedded#at=62


Sim, agora demos por encerrada a questão.


Fonte: http://www.marceloadnet.com.br/tv/comedia-mtv-tv/comedia-mtv-a-resposta-do-elenco-sobre-casa-dos-autistas



Marcelo Adnet se desculpa por fazer piada com autistas na TV

Quadro do programa Comédia MTV não agradou telespectadores


O quadro Casa dos Autistas, do programa Comédia MTV, está dando o que falar. A paródia do extinto reality show Casa dos Artistas (SBT) faz piadas com portadores da disfunção.

Após receber inúmeras críticas e ser acusado de apelar para o humor "politicamente incorreto", o humorista Marcelo Adnet recorreu ao Twitter e manifestou-se sobre o assunto.

Para uma seguidora, o comediante disse que a ideia do quadro não foi sua.

- Desculpe, sempre fui contra esta cena, mas fui voto vencido. Não escrevi esta cena e não sou o diretor do programa.

Para outra usuária do microblog, Adnet disse que não pode se “responsabilizar sozinho” por algo que não fez.

- Não posso me responsabilizar sozinho por uma cena que não escrevi, não dirigi e sempre fui contra!


Fonte: http://entretenimento.r7.com/famosos-e-tv/noticias/marcelo-adnet-se-desculpa-por-fazer-piada-com-autistas-na-tv-20110424.html

quarta-feira, 27 de abril de 2011

USP - Hábito alimentar pode intensificar sintomas do autismo

Pesquisa mostra a influência dos alimentos no comportamento autista. Os autistas atendidos no CEMA (Centro de Especialização Municipal do Autismo), em Limeira, foram alvos de uma pesquisa sobre a relação entre alimentação e comportamento autista realizada pelo Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ), da Universidade de São Paulo (USP).


A triagem dos autistas também foi feita no Núcleo de Especialização e Socialização do Autista (NESA) de Mogi-Guaçú. Segundo a orientadora da pesquisa, Jocelem Mastrodi Salgado, 28 autistas participaram do projeto, com idade entre dois e 33 anos, sendo 17 de Limeira e 11 de Mogi-Guaçú. O projeto realizado pela nutricionista Nádia Isaac da Silva foi aprovado pelo comitê de ética de pesquisa com humanos da ESALQ. "O estudo teve como objetivo identificar o padrão de hábito alimentar de um grupo de autistas, promover testes para o desenvolvimento de métodos de análises laboratorais que comprovem a eficiência da dieta isenta de glúten e caseína e também identificar a ocorrência de alterações do metabolismo da creatina a partir da análise da concentração de creatinina em urina", explicou Jocelem.

CARACTERÍSTICAS

A pesquisa intitulada "Relação entre hábito alimentar e síndrome do espectro autista" foi elaborada após a realização de uma entrevista nutricional, contendo questões sobre características sóciodemográficas das famílias dos autistas participantes, histórico pessoal de doenças, comportamento autista durante as refeições e levantamento de hábito alimentar. Segundo a orientadora, também foi feita uma avaliação psicológica com aplicação do método quantitativo "Childhood Autism Rating Scale (CARS)".

Os resultados sobre a população indicaram que 1/3 dos pais de autistas possuem baixa escolaridade e 60% renda familiar na faixa de dois a quatro salários mínimos. Segundo a avaliação psicológica, 64% dos autistas são casos graves e 68% se encontram na faixa de retardo mental. "A renite alérgica é a patologia de maior prevalência na população estudada. Em média 60,71% dos autistas apresentam sintomas gástricos, sendo o mais frequente a flatulência (39,90%)", apontou.

ALIMENTAÇÃO

Ainda dentro do campo de pesquisa, foi constatado que o grupo de autistas apresentou um elevado consumo de calorias, proteína, carboidrato, vitaminas do complexo B, ferro, zinco e cobre. Do outro lado, os autistas têm baixo consumo de cálcio, fibra e ácido ascórbico (vitamina C). "A análise de consumo de grupos de alimentos evidenciou elevado consumo de açúcares simples e baixo consumo de leite e derivados como também frutas e hortaliças", falou.

Sobre as alterações do metabolismo da creatina, a pesquisa concluiu que essa condição pode estar relacionada a fatores genéticos.

APOIO

O projeto de pesquisa foi realizado no laboratório de Nutrição Humana do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição em parceria com o laboratório de genética de plantas Max Feffer do Departamento de Genética (ESALQ). O projeto também contou com a participação dos profissionais do CEMA, a psicóloga Vera Lígia Alves Leite, fonoaudióloga Marcia Regina Cermaria da Silva e a psicóloga Karine Helena Rodrigues Carvalho do NESA para a avaliação psicológica. "O apoio e auxílio das equipes de profissionais e dirigentes das duas instituições participantes foram fundamentais para o desenvolvimento do projeto", declarou.

Esse trabalho teve início em 2008 e a sua conclusão está prevista para o segundo semestre deste ano.

Dados levantados na pesquisa:
* 1/3 dos pais de autistas possuem baixa escolaridade
* 60% tem renda familiar na faixa de 2 a 4 salários mínimos
* 64% dos autistas são casos graves e 68% se encontram na faixa de retardo mental
* Em média, 60,71% dos autistas apresentam sintomas gástricos
* Elevado consumo de calorias, proteína, carboidrato, vitaminas do complexo B, ferro, zinco e cobre
* Baixo consumo de cálcio, fibra e ácido ascórbico (vitamina C)
** Foram entrevistados 28 autistas, sendo 17 de Limeira e 11 de Mogi-Guaçú.
Derivados de trigo e leite podem intensificar os sintomas
A pesquisa feira pela nutricionista Nádia Isaac da Silva sob a orientação da professora Jocelem Mastrodi Salgado trabalha com a hipótese de que alimentos que contém glúten e caseína - proteínas derivadas do trigo e do leite respectivamente - podem intensificar os sintomas do autismo. "Estudos indicam que uma dieta isenta de alimentos que contenham essas proteínas (pães a base de trigo, bolachas, bolos, massas em geral, leite, queijos, iogurtes, sobremesas a base de leite) reduz alguns sintomas característicos da doença como isolamento social e déficit de atenção", explicou Jocelem.

Para a orientadora, com o conhecimento da patologia e também a criação de exames de diagnóstico seguros é possível contribuir para um diagnóstico precoce da doença. "Dessa forma haverá um maior acesso a tratamentos mais adequados que acarretem a melhora do quadro clínico e consequentemente, a qualidade de vida dos autistas", falou.

Para Jocelem, as pesquisas com finalidade de criar novos tratamentos coadjuvantes e exames de diagnóstico para o autismo são de grande importância para o Brasil em virtude do elevado número de casos de autistas que não tem acesso ao diagnóstico e nem tratamento adequado. "Não existe no país dado oficial sobre a prevalência do autismo. Informações apontam para a média de 50 mil autistas, mas estima-se que existe pelo menos um milhão sem diagnóstico." (Stefanie Archilli)
Aumenta número de diagnósticos precoce
O número de diagnósticos precoce está aumentando por dois motivos: maior conhecimento da patologia por parte dos profissionais de saúde e a constante mudança dos critérios de diagnóstico.
Segundo a Fundação Verônica Bird, para um diagnóstico precoce orienta-se aos pais e profissionais - pediatras e educadores - a observação do desenvolvimento da linguagem. "As crianças com atraso da linguagem devem ser observadas, pois, segundo essa instituição esse é um dos primeiros sintomas. Orientam-se os pais a observar o comportamento da criança como, por exemplo, se ela responde aos sons, arredia ao toque e se a criança mantém contato visual com a mãe durante a amamentação", declarou a professora da ESALQ, Jocelem Mastrodi Salgado.

Os primeiros estudos indicavam de quatro a cinco casos de autismo para cada 10 mil nascimentos. Pesquisas estimam um aumento, atingindo a média de 15 a 20 registros para cada 10 mil pessoas. Segundo Jocelem, não existe diferença na prevalência da classe social ou etnia. "O sexo masculino é mais afetado, sendo quatro homens para uma mulher autista", falou.

O autismo é classificado como transtorno invasivo do desenvolvimento e é caracterizado pelo início precoce na infância. Essa doença é marcada por permanente prejuízo da interação social, alteração da comunicação e padrões limitados ou esteriotipados de comportamento e interesses.
Segundo a professora, dificuldade com interação social pode se manifestar como isolamento ou comportamento social impróprio, pouco contato visual, dificuldade em participar de atividades em grupo, indiferença afetiva ou demonstrações inapropriadas de afeto. "Alguns autistas não desenvolvem a habilidade de comunicação. Outras têm uma linguagem imatura. Os que desenvolvem de forma adequada podem apresentar uma dificuldade em desenvolver e manter uma conversação", explicou.

Os padrões repetitivos e esteriotipados de comportamento característico do autismo incluem resistência a mudanças, insistência em determinadas rotinas, apego excessivo a objetos e fascínio com movimento de peças como rodas e hélices. "Podem apresentar esteriotipias tais como se balançar, bater palmas repetidamente, andar em círculos ou repetir determinadas palavras, frases ou canções." (Stefanie Archilli)
CEMA é referência no Estado em tratamento
Em Limeira foi instituído o dia de conscientização do autismo a ser comemorado no dia 2 de abril. O projeto de lei é de autoria da vereadora Nilce Segalla (PTB).
O município também conta com um centro de especialização em autismo, o CEMA, que oferece atendimento gratuito. Fundado em 1993, o centro de Limeira foi o segundo do Estado; o primeiro nasceu em São José do Rio Preto. Hoje, Americana também possui um espaço semelhante ao de Limeira e, em Pirassununga, foi construído o primeiro centro para autistas vinculado à APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais).

Em Limeira são atendidas 25 pessoas no CEMA, com idade entre três e 34 anos. Muitos deles estão com a equipe desde o início do projeto.
O tratamento é baseado no método americano TEACCH (Tratamento e Educação para autistas e crianças com déficits relacionados à comunicação) e no trabalho dos pais. O autista sempre terá que ter o apoio da família.

O CEMA (Centro de Especialização Municipal do Autismo) fica na Rua Bartolomeu Bueno, 165. (Stefanie Archilli)
Artigo
Uma luta diária
Quando recebi a tarefa de buscar mais informações sobre o autismo em Limeira, não imaginei que teria a oportunidade de conhecer pessoas como Vanda Alexandrina Ferreira e Irene Carmo Cordeiro Polizeli, mães de autistas. As duas foram personagens de uma matéria publicada no Jornal de Limeira, no dia 10 de abril.
O trabalho do CEMA (Centro de Especialização Municipal do Autismo) é muito importante para a vida de crianças, jovens e adultos autistas, mas a dedicação das mães dessas pessoas é algo imensurável.

A Vanda foi deixada pelo marido - depois que foi descoberto o transtorno do filho - e cria sozinha Paulo Henrique, 12 anos. Ela faz jóias em casa porque não pode deixar o filho sozinho e também não conta com muito apoio de familiares.
Mas nada disso a desanima. Pelo contrário. Para ajudar o filho, ela é capaz de muito mais. Lê sobre autismo, assiste a filmes, pesquisa na internet. Em casa, ela mesma desenvolve atividade com o filho, porque ele passa apenas uma hora e meia no CEMA.
Se Paulo Henrique não tivesse todo esse aparato da mãe, talvez não teria desenvolvido algumas habilidades. Ele faz caminhadas, joga bola, passeia com a mãe e consegue fazer suas necessidades fisiológicas.

Cleber Polizeli, 27 anos, também conta com toda a dedicação e o amor de sua mãe, Irene. Mãe de mais dois filhos e viúva, ela consegue dar um novo sentido à vida de seu filho autista.
Irene também briga pelos direitos dos autistas de Limeira. Ela quer que eles tenham uma piscina e mais espaço no CEMA. Existem estudos que comprovam a eficácia de tratamentos na água com autistas.

Limeira já tem um centro de apoio aos autistas, mas o atendimento gratuito a eles não pode parar por aí. A administração pública precisa olhar com mais atenção para essas crianças, jovens e adultos, que dependem do apoio de sua família e do poder público.
A luta diária dessas mãe por seus filhos autistas deve chamar a atenção daqueles que podem fazer algo por eles.

terça-feira, 26 de abril de 2011

A comédia sem graça da MTV

Escrito por Jairo Marques


Assisti ontem pela primeira vez um vídeo que tá rodando nas internets chamado “A casa dos Autistas” produzido e encenado por humoristas da MTV, que tão mais por cima do que queijo em bife à parmegiana.

Sempre encaro as peças cômicas com o coraçãozinho aberto, afinal, graça é feita para rir e não para ficar pensando, matutando suas razões, fundamentos, ‘sacadas’ geniais.

Já escrevi aqui neste espaço um punhado de vezes que defendo o direito pleno à liberdade de expressão e que é a Justiça quem deve determinar o que ultrapassa o limite do bom senso e deve ser punido com indenização, com reparação moral, e tudomais.com.br

Sinceramente, apesar de muitos me verem como “representante” importante da classe dos ‘malacabados’, não falo jamais em reserva de mercado para nos defender de ser alvo de piada, de quadros humorísticos... Acho que, se tem fundamento, tem graça, tem elegância, tá valendo, sim...

Contudo, eu que me acho bem humorado, fiquei pasmo, embasbacado com o vídeo do “Comédia MTV”. Quem não viu, talvez seja importante bater o olho clicando no bozo.... http://www.youtube.com/watch?v=-1sFU_b9bt0&feature=player_embedded

Não convivo com nenhuma pessoa autista, conheço pouco do mundo em que vivem e seus perrengues, mas senti um asco violento ao assistir o quadro. Não por um puritanismo de querer criar um manto de proteção aos autistas, mas, sim, por achar que o quadro tem o sentido único de tirar graça do lugar comum, do estereótipo, do estigma que paira sobre as pessoas que batalham contra o transtorno.

As associações que visam incluir os autistas em sociedade e tentar quebrar tabus que as envolvem estão quebrando uma pedra danada para que deixemos de ver seus pares como lunáticos, gente esquisita, gente que deve viver apartada do convívio de todos.

Não vai demorar, pois me atrevo a dizer que conheço um bocadinho de mídia, alguém defender que o vídeo tem um “fundo” didático e quer desmitificar o autismo. Bem, louvável seria isso se houvesse uma explicação mínima durante o quadro, um debate, uma mensagem, o que não acontece.

A passagem mostra apenas os atores tentando provocar graça por meio de gestos repetitivos, gestos que, a meu ver, são de cunho particular do autista, de suas famílias e de pessoas que as compreendam minimamente.

Tendo a achar que os jovens e adolescentes que viram o quadro do “Comédia MTV” _exibido há cerca de um  mês, mas que ganhou repercussão agora_ só reforçaram em si aquilo que imaginam que as pessoas com deficiência não são capazes de fazer ou que fazem de forma desajeitada, esquisita, mocoronga.

A minha convicção é que isso não agrega em nada. Agrega é mostrar o que os “diferentes” podem fazer igual ou melhor que os outros, mostrar que limitações existem, mas podem ser enfrentadas, redesenhadas e integradas nos meios sociais.

Um programa de imensa audiência nos EUA, o American Idol, tem entre seus finalistas neste ano um caboclo que possui autismo leve, juntamente com outra síndrome que afeta seu comportamento.

James Durbin é beeeeem doidinho durante suas apresentações. É agitado, irrequieto, fala mais do que a boca e até já fez propaganda da Pepsi, durante um programa ao vivo, patrocinado pela Coca-Cola. Mas, o que o show quer de fato saber é se ele tem ou não talento. E o cara, até agora, arrasou, quebrou tudo, cantando Rock and Roll. Saca um vídeo dele aqui.

Uma pena que a MTV, uma emissora que ajuda na formação de jovens, além de entretê-los, não consiga dar uma bola dentro em relação à inclusão. Gente talentosa, tenho certeza que há aos montes por lá.

Insisto que não se trata aqui de tornar uma “classe” de gente imune à comédia, à graça, à piada. Por essa lógica, eu mesmo estaria comprometido de seguir na batalha pelo domínio do mundo.

Mas fazer humor, pelo menos pensando nos grandes mestres como Chico Anysio, Jô Soares, Renato Aragão, Tom Cavalcante e outros, envolve inteligência, criatividade e respeito ao ser humano, fonte inesgotável de graça.


segunda-feira, 25 de abril de 2011

O Professor, o Intérprete de Libras e os Alunos Surdos = Inclusão

O professor, o intérprete de libras e os alunos surdos: Essa união tem que dar certo!!!
A inclusão vem tomando força cada vez mais, a realidade é inegável e deve acontecer. Nessa perspectiva a Educação encontra-se num “duelo”muito particular entre dois profissionais que atuam diretamente com os surdos. Nesse contexto inclusivo existem três personagens: os alunos surdos, o intérprete de Libras e o professor. É importante que seja definido com clareza as funções que cada um destes exercem nesse processo.

O primeiro personagem é o aluno surdo. Este possui língua e cultura diferente daquela que o professor está acostumado a lidar. Também, por lei, tem o direito de ser incluído em sala e escola de ensino comum. Todavia, a discussão não se ateará nesse personagem, embora seja o principal.

O segundo personagem é o intérprete de Libras. Esse servirá de canal comunicativo entre os surdos e as pessoas que lhes cercam. Mas que papel ele exerce em sala de aula? Como deverá ser sua postura em sala de aula? Há éticas que limitem ou lhes dê direitos? Quem é ele, enfim, na sala de aula? Na escola? Uma pergunta de cada vez será respondida.
Seu papel em sala de aula é servir como tradutor entre pessoas que compartilham línguas e culturas diferentes como em qualquer contexto tradutório que vivenciou ou vivenciará. Ele realiza uma atividade humana e que exije dele estratégias mentais na arte de transferir o contexto, a mensagem de um código lingüístico para outro. Essa atividade tradutória é a produção do seu ofício, requer uma série de procedimentos técnicos e isso não é fácil (há muitos “sinalizadores” nomeando a si mesmos como intérpretes e não o são, que incorre na desvalorização da Libras, pois em nenhuma língua oral as pessoas terminam um curso e começa a interpretar, porque sabem que existem procedimentos técnicos e exigirá anos de estudo e contacto com a língua e seus usuários, porém em Libras, inconscientemente, à desconsideram quando agem precipitadamente na área de interpretação ainda não formados). Tanto no contexto de uma sala de aula ou numa palestra sobre química seu papel será o mesmo, traduzir. Sobre sua postura, o intérprete deve se conscientizar que ele não é o professor, e em situações pedagógicas não poderá resolver, limitando-se as funções comunicativas de sua área. Manterá a mesma imparcialidade de sua profissão e desenvolver uma relação sadia com os surdos e o corpo docente. Não permitirá que seu contacto pessoal com os surdos, que é maior do que a do professor, interfira em sua atuação.O Código de Ética que norteia a carreira pode ser usado também para essa atuação, considerando o supracitado a despeito de seu papel que é traduzir. Entretanto, esse Código deixará a desejar em muitos fatos e necessidades importantes que acontecem nesse novo palco de sua atuação. Acreditando nisso se faz necessário a criação de um Código Especifico (paralelo) para a área de Educação e aclopá-lo ao já existente. Na falta deste “novo” Código recorramos ao Código de Ética vigente. Para a última pergunta o intérprete é um “estranho” na sala de aula, um “objeto diferente” é visto dessa forma e pode ter certeza que assim se senti. Tanto para os alunos (em geral), para os professores e para os intérpretes é tudo muito recente, quando se viu estavam todos no mesmo lugar. Por fim o intérprete de Libras exercerá em sala de aula e em todas as atividades educacionais somente as Funções Comunicativas Tradutórias que por si só são exarcebadas.

O terceiro personagem é o professor. Este será o modelo pedagógico para os alunos e sua preocupação é voltada para o conteúdo, a disciplina, o saber, o conhecimento. Como deverá ser seu relacionamento com o aluno surdo? Além de ser o modelo pedagógico em sala de aula, que mais pode fazer pelo o primeiro personagem neste teatro escolar?
À primeira pergunta sugere-se que seu relacionamento com o aluno surdo seja o mesmo que tem com os ouvintes.Neste contexto ele utilizará o profissional intérprete em momentos que sua projeção seja para a turma inteira. O atendimento que o professor faz individualmente a cada aluno ouvinte, será importante que do mesmo modo faça ao aluno surdo. Para isso o educador precisa aprender e conhecer a língua desse aluno, que referindo-se ao surdo é a Libras. Esse contato direto, esse atendimento pessoal entre professor e aluno é que irá gerar melhor relacionamento, amizade e comprometimento entre os dois. Isso é imprescindível! Ninguém pode fazer isso por você, professor!.No cenário da inclusão tudo para todos é “muito novo” e, não é incomum equívocos acontecerem.É impossível usar o intérprete para interpretar textos, será melhor que, para alcançar todos, escreva no quadro, por exemplo. Jamais fazer uso do intérprete para funções pertinentes tão somente ao seu ofício, nesse caso o intérprete poderá contestar sua solicitação. Um outro exemplo é pedir ao intérprete escrever no quadro aquilo que está oralmente ditando para os alunos ouvintes. Outrossim, será fundamental o professor, após entender e conhecer a língua e cultura da comunidade surda, disseminar o motivo de sua presença em sala de aula e sua participação na escola de ensino comum, objetivando conscientizar os alunos e outras pessoas, pois se assim não agir será apenas integração e não inclusão que dispõe uma mudança tanto na estrutura da escola, nos sistemas, quanto na consciência de todos. Por fim, o professor nesse espetáculo inclusivo exercerá nas atividades educacionais as mesmas funções que exerce comumente, as Funções Pedagógicas, sem qualquer temor.

Embora definidas as Funções de cada profissional observa-se certa situação aflitiva entre eles e tais necessitam ser sanadas. O professor normalmente tem muitas dúvidas ou mesmo desconfiança na tradução que o intérprete realiza, acreditando ser improvável a concretização da interpretação pelo simples fato do intérprete não haver feito pedagogia, magistério ou não ter intimidade com os conteúdos escolar. O intérprete muitas vezes vai além de sua interpretação interferindo naquilo para qual não foi lhe dado autoridade. Muitos intérpretes são selecionados para trabalharem nas escolas de todo o país, porém nem todos estão em condições profissionais para atuarem. Um outro problema advindo do professor é a desconfiança se o intérprete na hora da prova está ajudando (dando “cola”) ao aluno surdo. Por sua vez o intérprete mantém uma postura inadequada a ponto de gerar certo incomodo não só no professor como na turma inteira. Muitos acreditam que contratando professores que conhecem Libras poderão ser utilizados para substituir os verdadeiros profissionais intérpretes. Não faça isso! Os procedimentos técnicos são completamente diferentes. Por isso foram definidos as funções comunicativas e as funções pedagógicas. Mesmo que o professor conheça muito bem a Libras ele é professor, a não ser que tenha experiências profissionais dentro da área de interpretação, mesmo assim é melhor exercê-las em momentos distintos. Sem falar que o relacionamento do intérprete não se limita a um professor, porém a vários. Todas essas situações têm gerado um conflito demasiadamente desagradável e prejudicial ao desenvolvimento de ambos profissionais e do aluno. Estes são alguns fatos que ocorrem nesse espetáculo inclusivo que poderão facilmente ser resolvidos.
Propõe-se que convidados especiais participem da peça inclusiva. O primeiro deles é a Confiabilidade esta precisa ser desenvolvidaentre ambos, professor e intérprete. Quando se trabalha com insegurança, desconfiança é extremamente incomodo, entretanto, havendo uma mútua confiança não só o trabalho é mais bem realizado como o ambiente fica mais agradável. O segundo oRespeito, ele será o limitador entre os dois, sabe-se que o direito de um termina quando se inicia do outro, e se isso houver ambos saberão oslimites de suas funções. Se comunicativas, comunicativas; se pedagógicas, pedagógicas. O terceiro, a Parceria, profundamente importante para o desenvolvimento escolar do aluno, e ele implica na divisão de conteúdos ministrados em sala de aula. A interpretação de um modo geral rende mais quando o intérprete tem em suas mãos o texto (refere-se a qualquer mensagem seja falado ou escrito) que interpretará, caso contrário a interpretação será prejudicada, contudo se previamente ler o texto, na hora da tradução mobilizará esses conhecimentos armazenados em sua mente e, portanto, interpretará melhor o conteúdo. Solicita-se que o professor debata com o intérprete o plano de aula e esclareça dúvidas caso ele tenha; de igual modo o intérprete se preocupará em tomar conhecimento do texto que será usado em sala de aula ou em qualquer outro evento. Envolvimento Educacional é o quarto convidado e de grande importância, ele permitirá que o professor e o intérprete mostrem um ao outro “a deixa”, objetivando ampliar a formação dos surdos. O intérprete sabe os pontos em que os surdos se sentem mais fragilizados e poderá compartilhar essas informações com o professor. O professor, por sua vez, sabe pela correção de exercícios e provas quando o aluno está respondendo bem ou não aos conteúdos e assim informará ao intérprete. Essa troca entre os dois facilitará o envolvimento e desenvolvimento educacional dos alunos. Estes são alguns convidados que no teatro da inclusão não podem deixar de participar. É claro que dependendo da realidade de cada escola outros serão imprescindíveis.

Estes três personagens e seus convidados especiais fazem juntos uma linda peça que renderá uma Educação melhor para os surdos. Sabendo cada profissional as suas funções e delimitando-se a elas, compreendendo sua importância em cada cena e aexcelência de suas atribuições, um trabalho mais bem sucedido será realizado. O professor desempenha uma atividade que devem cada ser humano “tirar o chapéu” e aplaudi-lo de pé, funções essas definidas neste texto. O intérprete é um profissional de grande valor, suas funções, aqui descritas, são teoricamente inexplicáveis, porém, com grande estilo as desempenha, a ponto de Mounin afirmar: “... tradutores existem, eles produzem, recorremos com proveito às suas produções”.

Os conflitos são somenos em comparados com que podem os três personagens produzir, e aliado suas produções aos convidados especiais um imenso espetáculo será apresentado ao publico. Eles (o publico) gostam de ver algo que marca, e na esperança que a Educação de surdos dispontará, o publico se sentirá satisfeito.Cada personagem envolvido nas cenas inclusivas precisará relembrar sempre suas “falas” não cometendo o lapso de esquecê-las e, assim sendo, o teatro da inclusão fará o maior sucesso. Os convidados especiais são eficientes demais e com certeza farão a diferença em cada “apresentação”, em cada dia de aula.
Que cada “arena” escolar consiga desempenhar perfeitamente a peça Inclusão.

“... e concedeu dons aos homens;
... com vista ao aperfeiçoamento...

para o desempenho do seu serviço...”.
Efésios: 4: 8a, 12


Barreiras no meio do caminho


SP RECORD - Exibido em 25/04/2011


Sonho: Se tornar Instrutora de Libras, 
e para isso quer estudar pedagogia.

Pronunciamento da Deputada Rosinha da Adefal sobre o vídeo que vem circulando pelo youtube, da MTV, intitulado como "Casa dos Autistas"


Como Presidenta da Frente Parlamentar do Congresso Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, aderi ao abaixo assinado contra o programa "Casa dos Autistas" e me coloco à disposição do Movimento de Inclusão Social das Pessoas com Deficiência para facilitar o encaminhamento de qualquer requerimento, representação ou outros encaminhamentos necessários à devida reprimenda desta conduta discriminatória.

Entendo que além da comunicação aos órgãos públicos competentes para as medidas cabíveis,é igualmente importante que seja comunicado o Ministério Público, que além de investigar o caso pode ajuizar ação civil pública com pedido de indenização por danos morais causados à coletividade. Na atualidade, é incabível a veiculação de programas que, com a suposta intenção de divertir, depreciam e ridicularizam a imagem das pessoas com autismo, ou com qualquer outra deficiência. 

Comunico, por fim, que o fato foi incluído como ponto de pauta da próxima reunião da Frente Parlamentar, a ser realizada ainda esta semana, e que os deputados e senadores integrantes foram comunicados do ocorrido por email, para que possam se pronunciar, elaborar notas de repúdio e aderir às mais diversas formas de demonstração de reprovação ao fato. 

Um bom dia para todos.

Cordialmente.
Rosinha da Adefal
Deputada Federal por Alagoas 

Na sketch, que busca ser uma sátira do Casa dos Artistas do SBT, o dia-a-dia as pessoas com disfunção global do desenvolvimento é retratado.

O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) ingressou, nesta segunda-feira (25), com uma representação no Ministério Público Federal para que sejam tomadas providências com relação a um quadro do Programa Comédia MTV, chamado “Casa dos Autistas”. Nasketch, que busca ser uma sátira do Casa dos Artistas do SBT, o dia-a-dia as pessoas com disfunção global do desenvolvimento é retratado, a partir de uma visão particular dos humoristas do canal musical.

No documento, o deputado classifica o “Casa dos Autistas” como um programa discriminatório que explora de maneira preconceituosa a imagem das pessoas com transtornos globais do desenvolvimento. A representação do deputado Pimenta está baseada na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da qual o Brasil é signatário. O texto da Declaração diz que “os Estados Partes proibirão qualquer discriminação baseada na deficiência e garantirão as pessoas com deficiência igual e efetiva proteção legal contra a discriminação por qualquer motivo”.

Repúdio à MTV Brasil e Petição Pública

O quadro que faz uma paródia ao Programa Casa dos Artistas, intitulado "Casa dos Autistas" é aviltante, preconceituoso e repugnante! Nós pais, familiares, profissionais e pessoas ligadas à causa do Autismo, conseguimos, a duras penas, importantes conquistas no dia 02 de abril Dia Mundial de Conscientização pelo Autismo, criado pela ONU, devido a importância e necessidade urgentes, de divulgação e alerta sobre a Síndrome! E uma rede de televisão, formadora de opinião dos jovens traz esse tipo de paródia, denegrindo a imagem da Pessoa com Autismo!


Depois dizem que a sociedade não é culpada pelo bullying, homofobia, e todo tipo de preconceito crescentes hoje no mundo!


Foi criada uma Petição Pública on line, peço a todos que assinem e divulguem, pois tudo o que nossos filhos e familiares NÃO precisam, é desse tipo tipo de atitude.



Abaixo assinado contra o Programa da MTV "Casa dos Autistas"
Um programa preconceituoso, onde domina o desrespeito contra todos que têm o diagnóstico de Autismo.
Casa dos autistas MTV: http://www.youtube.com/watch?v=-1sFU_b9bt0
--
Este programa deve ser tirado do ar imediatamente, e ainda formalizar um pedido de desculpas ao público, pelo atos de desrespeito, imoralidade e preconceito explícitos em seu programa mencionado.

Lamentável que tenha sido colocado no ar. Só quem tem crianças com a síndrome do autismo conhece essa luta regada a muitas lágrimas, dificuldades e impedimentos, ainda mais em um país despreparado como o Brasil, que lamentavelmente é cheio de preconceito e irracionalidade humana.
Mas não vamos desistir nunca.

Prezados senhores, acredito podemos fazer mais e melhor sempre, sem ofender ou agredir ninguém. 

domingo, 24 de abril de 2011

MTV: CASA DOS AUTISTAS


Chamar isto de comédia seria até um elogio. Além de ser um humor muito mal feito, sem criatividade nem talento, não demonstra conhecimento algum sobre Espectro do Autismo.
Não adianta depois tentarem explicar o inexplicavel. Felizmente a intenção primordial deste programa de humor jamais será alcançada: é de péssimo gosto e não faz rir. Apenas causa espanto.


Liberdade de Expressão X Libertinagem de Expressão: você sabe a diferença?

No Direito Constitucional significa: Liberdade de pensamento. Liberdade de manifestação do pensamento, através da palavra falada ou escrita. Diferentemente de Libertinagem na Expressão, pois libertinagem significa: Relaxamento de costumes. Libertinagem. Desrespeito moral. Devassidão. 
A liberdade de expressão é um conceito considerado freqüentemente integral nas democracias liberais modernas para eliminar a censura. O discurso livre é também apoiado pela Declaração Internacional dos Direitos Humanos, especificamente sob o artigo 19 da declaração universal dos direitos humanos e o artigo 10 da convenção européia de direitos humanos, embora esse direito não seja exercido em vários países.
O direito à liberdade da expressão para a maioria não é considerado ilimitado; os governos podem proibir determinados tipos prejudiciais de expressões. Sob a lei internacional, as limitações no discurso livre estão restritas à um rigoroso teste de três critérios: 
1) ser baseados na lei, 
2) perseguir um objetivo reconhecido como legítimo, 
3) e ser necessário (isto é, ter um propósito) para a realização desse objetivo.
A lei brasileira diz que todos somos iguais em direitos e deveres e se é verdade que temos o direito à liberdade de expressão, temos também o dever de zelar por direitos igualmente ou mais importantes que o de livre expressão, como o direito a vida, o direito a honra e outros. Se a liberdade de expressão fere um destes outros direitos, se ela se transforma em libertinagem na expressão tem-se o direito e o dever de zelar pelos direitos violados, pois o direito de expressão por parte de quem o exerceu torna-se desrespeitos e pernicioso. 


Pesquisa feita por Jorge Murta
Fontes: Wikipédia e Direito Constitucional

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Aprovada Redação Final do Projeto de Lei Dia Municipal do Autismo- Volta Redonda

Projeto de Lei: 02 de Abril- Dia Municipal do Autismo em Volta Redonda

Ontem dia 19 de Abril foi aprovada a Redação Final do Projeto de Lei 002-2011, que cria o Dia Municipal do Autismo em Volta Redonda - RJ.
Projeto de Lei do Vereador Marquinhos Motorista.
Agora segue para a sansão do Prefeito Neto.
Assim que chegar a sansão com a numeração da nova Lei (depois de passar pelo Prefeito), será enviada para a publicação no Órgão Oficial (Jornal Volta Redonda Destaque).
Obs: A Lei entra em vigor após a sua publicação no Órgão Oficial.
A Prefeitura tem até 20 dias para a sansão e publicação.

Parabéns a APADEM, Parabéns ao Vereador Marquinhos!!!


terça-feira, 19 de abril de 2011

Sebastião Rocha: Cansado de ver cadeiras vazias fundou uma escola debaixo do pé de manga

Esse texto faz parte da coleção “Histórias que mudam o mundo”, criada e mantida pelo Museu da Pessoa. Nela, encontram-se grandes e pequenas histórias de mudanças que acontecem todos os dias ao nosso redor, transformando vidas e fazendo do mundo um lugar mais justo, mais bonito e mais feliz.
Quando eu saí da universidade, vi que precisava criar um espaço de aprendizagem. Há 21 anos resolvi, com um grupo de amigos, criar o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, o CPCD. Nós tínhamos um monte de perguntas, de dúvidas. A primeira pergunta que a gente se fez foi se era possível educar sem escola, porque a gente via muito menino na rua querendo aprender, e que ia pra escola e era expulso. Repetia um, dois anos e saía fora. Havia muito projeto de construção de escolas, e no fim, as salas ficavam vazias.
Então eu fui para a Rádio Clube de Curvelo (MG) e falei: “Vai ter uma reunião das pessoas interessadas pra discutir uma educação sem escola, uma escola debaixo do pé de manga”. Sentamos numa roda e começamos a falar disso. Depois de uma semana de conversa eu vi que a gente não falava de uma escola que a gente gostaria de ter, a gente falava de uma escola que a gente gostaria de não ter. E aí eu transformei aquelas informações num negócio que eu chamei de Não Objetivos Educacionais. O que nós não queremos que aconteça.
Eu mandei pra uma fundação em São Paulo, a Fundação Kellog. O Marcos Kisil viu aquilo, me ligou e falou: “Olha, eu recebi um projeto aqui meio estranho. Não tem objetivos, ele tem não objetivos”. Eu falei: “Mas é isso mesmo, professor”. Ele falou: “Mas com não objetivos você vai ter não financiamento”. Eu falei: “E o senhor vai ter não resultado e não vai dar certo”. Ele falou: “Isso é uma ideia muito maluca. Vou criar um banco de ideias, vou deixar isso cozinhando aqui pra ver se um dia a gente conversa a respeito”.
Passado uns dois meses ele me chamou: “Se você nos convencer de que isto é interessante, nós vamos entrar com você nessa empreitada”. Eu consegui convencê-los e montamos a primeira experiência nossa, o Projeto Sementinha.
O que a gente desenvolveu nesses anos todos foram quatro grandes pedagogias. Uma é a pedagogia da roda, em que tudo o que a gente faz é numa roda e com todo mundo se vendo. A roda produz consensos e não produz eleições. A outra é a do brinquedo, em que é possível aprender matemática, história, geografia, ética, generosidade, solidariedade e sexualidade, jogando e brincando prazerosamente. Outra é a pedagogia do abraço, que constroi as relações de autoestima e de solidariedade. E a última é a do sabão, quer dizer, do aproveitamento dos recursos, do conhecimento ancestral para a construção de coisas.
Cada uma delas foi construída e é construída diariamente com a meninada. E desde essa época eu comecei a defender uma ideia que vai na contramão do discurso oficial, que falava que lugar de menino é na escola. É na escola só se for aprendendo, porque se não for aprendendo é chato demais. Lugar de menino é na rua, na praça, no coreto, no shopping. Não temos que tirar os meninos da rua, temos que transformar a rua num espaço de solidariedade. Para nós, solidariedade é construída, não é por decreto. As pessoas não nascem solidárias.

domingo, 17 de abril de 2011

Poema para o Dia Mundial- de Liê Ribeiro


 POEMA PARA O DIA MUNDIAL DE CONSCIENTIZAÇÃO DO AUTISMO.




Há um levante de consciências


Há uma magia tênue


A cor azul da terra


Em volta de tantas vidas...


O mar de vontades azuis.


Há uma esperança Antes tão almejada


Há uma delicadeza


Do seu carinho


Envolvendo minha credibilidade.


Antes um oceano todo Contra nós...


Antes uma luz ofuscada


Pela indiferença dos desatentos.


Hoje...


Tantas almas por nascer


Expectativas por vencer...


Uma voz a sussurrar


Em nossos ouvidos


Caminhem, caminhem


Pois há muitos passos


Que perseguem seus pés.


Quem dera nossa alegria de hoje


Nunca saia de nossa essência


E envolva a todos


Com a luz azul do céu...


É gratificante ouvir sua voz menino


Cantando a esperança da nossa vida


Não pude dar-lhe muito mais que meu amor...


Mas há uma eterna busca


Pelo tesouro guardado em seu coração


Cavo com minhas próprias mãos


O dia a dia...


Essa alegria que vem do seu olhar.


Há um mundo que precisa te abraçar!


Eu sei.


Há um estado de quereres.


Quem sabe haverá realmente


Sentido nessa lida, nessa vida.


É lindo demais ver


O contentamento mesmo que breve


Nos rostos de todos os pais


Seres tão invadidos de amor.


Para ti, meu azul de mar na manhã de outono.


Meu mundo contigo é azul!


Autora Liê Ribeiro Paz e luz Mãe de um rapaz autista.
Fonte: http://apadem.blogspot.com/2011/04/poema-para-o-dia-mundial-de-lie-ribeiro.html